nunca se percebe bem por que razão começa. mas começa. e acaba sempre mal só porque acaba. todos os dias parece estar mesmo a começar porque as coisas vão bem, e o coração anda alto. e todos os dias parece que vai acabar porque as coisas vão mal e o coração anda em baixo.
o primeiro amor dá demasiadas alegrias, mais do que a alma foi concebida para suportar. é por isso que a alegria dói, porque parece que vai acabar de repente. e o primeiro amor dói sempre de mais, sempre muito mais do que aguenta e encaixa o peito humano, porque a todo o momento se sente que acabou de acabar de repente. o primeiro amor não deixa de parte um único bocadinho de nós. nenhuma inteligência ou atenção se consegue guardar para observá-lo. fica tudo ocupado. o primeiro amor ocupa tudo. é inobservável. é difícil sequer refletir sobre ele. o primeiro amor leva tudo e não deixa nada.
diz-se que não há amor como o primeiro e é verdade. há amores maiores, amores melhores, amores mais bem pensados e apaixonadamente vividos. há amores mais duradouros. quase todos. mas não há amor como o primeiro. é o único que estraga o coração e que o deixa estragado. (...)
não há regras para gerir o primeiro amor. se fosse possível ser gerido, ser previsto, ser agendado, ser cuidado, não seria o primeiro. a única regra é: não pensar, não resistir, não duvidar. como acontece em todas as tragédias, o primeiro amor sofre-se principalmente por não continuar.
mas é por ser insustentável e irrepetível que o primeiro amor não se esquece. parece impossível porque foi. não deu nada do que se quis. não levou a parte nenhuma. o primeiro amor deveria ser o primeiro a esquecer-se, mas toda a gente sabe, durante o primeiro amor ou depois, que é sempre o último. »
não há regras para gerir o primeiro amor. se fosse possível ser gerido, ser previsto, ser agendado, ser cuidado, não seria o primeiro. a única regra é: não pensar, não resistir, não duvidar. como acontece em todas as tragédias, o primeiro amor sofre-se principalmente por não continuar.
mas é por ser insustentável e irrepetível que o primeiro amor não se esquece. parece impossível porque foi. não deu nada do que se quis. não levou a parte nenhuma. o primeiro amor deveria ser o primeiro a esquecer-se, mas toda a gente sabe, durante o primeiro amor ou depois, que é sempre o último. »
3 comentários:
Lindo está o teu, adorei *
Muito obrigada <3
adoro este texto. tiras-te do livro de pt, não foi ? xd
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