percorria no word as cartas que me faltavam escrever. metade delas não faziam sentido cá dentro, até esta aparecer. li o seu nome e estremeci. recordei. cometi o erro de relembrar. a imagem no pc ficou distorcida, até que a mais corajosa decidiu escorrer. senti o seu calor a percorrer-me a face. limpei-a e pensei: 'é hoje'. daí escrever-te, com os nervos à flor da pele e por essa mesma razão, com uma dificuldade que nunca antes senti. antigamente as palavras saiam naturalmente, como se estivesses mesmo à minha frente, a olhar-me nos olhos. hoje não. hoje apaguei e escrevi. voltei a apagar e a escrever de novo. não me sai nada, estou demasiado nervosa para conseguir escrever mas quero, necessito e vou fazê-lo. ontem fiz-te uma promessa, uma promessa que não foi uma qualquer. promessa essa que implica uma mudança na tua vida e na minha. por isso mesmo ser difícil para ti aceitá-la. compreendo, fiz asneira e tens medo que tudo isto que estamos a passar seja em vão. mas tu, que dizes saber tudo, saberás tão bem como eu, que naquele mês que tivemos separados, não esquecemos. naquele mês, tu pensaste em mim e controlavas-te no face, pensando que te recusaria e no entanto, eu própria, do outro lado do ecrã, pensava o mesmo. sofremos tanto juntos e ultrapassámos sempre porque é que desta vez seria diferente ? se não nos esquecemos naquele mês, se foi preciso voltarmos para ficarmos realmente bem, porquê separarmos-nos de novo ? seria em vão, não nos esqueceríamos. eu escreveria dias e dias aqui no blog, até não ter mais nada que escrever sobre ti e tu, tu aguentarias tudo sozinho. dirias às pessoas que estavas bem enquanto no fundo tinhas saudades minhas. se tens ciúmes, como o demonstraste ontem é porque me amas, amas só a mim e se é assim porquê entregares-me aos outros quando posso ser só tua ? queria poder dizer-te o que isso significa mas não dá, não consigo. sermos diferentes provavelmente não ajuda, mas eu queria tanto fazer parte do teu mundo, tenho medo mas queria. queria que me levasses para todo o lado contigo, sem que tivesses receio de eu me sentir mal num espaço diferente do meu. queria poder dizer que já namorávamos à anos. disseste uma vez que provavelmente não somos compatíveis, mas se não somos, nunca teríamos chegado onde chegámos. se tal fosse verdade, logo naqueles primeiros três meses não tínhamos andado para a frente e de tal forma andou que está quase num ano. aceita a minha promessa, acredita em mim, em mim que nunca te dei motivos para desconfiares. pensa bem no que sentiste naquele mês, pensa bem na razão que te fez voltar a falar comigo e depois pára. achas que vale mesmo a pena ?
ps: a foto fez-me lembrar tu e eu, quando éramos apenas só nós dois, há quase um ano atrás. quando eu te implorava que me levasses a casa e quando não passava tudo de um simples dar as mãos que já significava tanto.